quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Hoje eu cheguei em casa lendo um livro. Praticamente Inonfesiva, se alguém quiser saber. Fui beber água. O legal é que na minha casa o filto fica perto da porta, bem conveniente pra você beber água sempre que sai e chega em casa,e bem longe quando você acorda no meio da noite com sede, desencorajando qualquer saída da cama. Bom, por estar lendo, eu fui ao filtro de água distraído, e tentei apertar a alavanca que libera o fluxo de água. Ela não estava lá. Olhei e descobri que tinham mudado a válvula, que antes era do tipo aperte, para um tipo rode. Ok. A válvula anterior demandava sua presença o tempo todo para liberar a água, e além disso tinha uma vazão muito baixa. Rodei a pequena alavanca, e verifiquei que essa tinha uma boa vazão. Odeio quando mudam as coisas em casa, mas essa mudança eu aceito relutantemente. Fechei a válvula quando o copo encheu, e sorvi a água. Quando retornei o copo, senti um pingo na mão. Estava vazando. Girei a válvula até o máximo, e descobri que só naquela posição ela não pingava. Anotei mentalmente isso.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Continho: Quadra de Reis

Achei no pc. Não tem título. Pode ser algo como "Quadra de Reis"

É, vai ser esse o nome.



Gotas de suor caíam da testa do jogador. As apostas haviam aumentado muito, e de meros conhecidos os quatro se tornaram guerreiros disputando vida e morte, vitória e riqueza. Suas únicas armas eram a astúcia e a paciência. Como sabe qualquer profissional, no pôquer as cartas pouco importam.
Como em todo jogo de pôquer que se vê num filme, uma névoa acinzentada de tabaco pairava sobre os jogadores. Ao lado de cada um, a bebida e o cigarro de escolha. No meio da mesa, um punhado de notas amassadas. Um homem com camisa havaiana olhava ansiosamente para as cinco cartas recém-recebidas. Nada havia na sua mão, além da esperança de um blefe bem sucedido. Olhou para o cara ao seu lado, um jovem vestido casualmente que deu um sorriso cínico quando viu as suas cartas. Quase três horas de jogo, e o havaiano ainda não tinha conseguido nenhuma dica nesse cara. Deu um trago no cigarro barato, e um gole na cerveja. Decidiu não jogar aquela rodada, e guardar o que havia restado do seu dinheiro para uma mão mais propícia. Olhou para o homem do outro lado da mesa. Pelo menos era a outra pessoa a perdedora desse jogo. Mesmo através da espessa névoa ele conseguia ver o suor na cabeça calva. Suas mãos tremiam enquanto ele as esticava para pegar o whisky com gelo, e levá-lo à boca. Ele já tinha um cigarro na boca, e o próximo esperava impacientemente na mão.
Mas à direita pairava o que seria o mais misterioso de todos. Vestido a caráter, com chapéu, paletó preto e camisa roxa, se equilibrando em dois pés da cadeira, um charuto na boca e um whisky puro na mão. Sem nem olhar as cartas, deu a primeira aposta: - Duzentos. O jovem do outro lado da mesa dobrou a aposta. O próximo homem olhava nervosamente as cartas na mão, o punhado de dinheiro na mesa. Enfiou a mão na calça, e tirou um maço de notas enrolado em elástico, dizendo: - Mil. O homem de chapéu pensou, enfiou a mão dentro do paletó e tirou um maço semelhante, colocando-o na mesa. O jovem simplesmente colocou um cartão de crédito na mesa, dizendo: -Se ganhar, ele é seu. Agora, mostre o jogo!
O homem abriu sua mão, revelando um par de dois e uma trinca de ases. –Full house - disse. O jovem olhou surpreso para a mão do oponente. – É um ótimo jogo – disse calmamente – Mas não bate a minha quadra – e mostrou uma quadra de damas. O calvo ficou com uma cara mortificante, e começou a balbuciar. O jovem se inclinou para pegar o dinheiro da mesa, mas foi impedido pelo terceiro jogador. O homem do chapéu disse: - Minha quadra de reis leva – e mostrou sua mão. Foi a vez de o jovem começar a ficar nervoso, e falar incoerentemente. –Mas é impossível! Não, não, não! Você... Não! Você roubou! – e bateu seus punhos na mesa. O homem do chapéu olhou nos olhos do outro, e disse – Não acuse sem provas. Também não me insulte.
- Você roubou sim! E sabe disso! Vou chamar meus amigos aqui pra tirar a verdade de você nem que eu tenha que – sua fala foi cortada pelo movimento rápido do outro, que tirou algo da cintura e a fincou na mesa: uma faca, com cabo preto curvado e uma lâmina reta. Os outros jogadores se sobressaltaram. O jovem se assustou por um momento, mas com o controle recuperado, colocou a mão na cintura, e tirou uma pistola de aço escovado, e a colocou na mesa.
A tensão cresceu até seu ponto crítico. O homem de chapéu acendeu um fósforo para reacender seu charuto, que tinha apagado. Puxou fundo, e assoprou uma fumaça densa para cima.
Aconteceu em um raio. O jovem foi pegar a pistola mas quando ele tinha mirado a arma , o rival já tinha arremessado a faca em sua cabeça, e se jogado ao chão. Ele atirou em vão na parede logo acima do outro, e caiu no chão com sangue saindo do ferimento na testa, a faca enterrada no osso frontal do crânio.
O homem de chapéu levantou, recuperou a postura e tragou o charuto. Os outros jogadores estavam em choque. Foi o havaiano quem conseguiu articular: – Ele está morto?
- Não. Ele só desmaiou com o trauma – disse o homem de chapéu. Abaixou-se, e retirou a sua faca do corpo do outro. –Agora ele não vai morrer de hemorragia também - e cauterizou a ferida com a brasa do charuto.
Retirou um frasco do paletó e deu um gole. –Eu sugiro a vocês dar o fora daqui - disse sem cerimônias. Derramou o conteúdo do frasco no corpo. –As coisas vão ficar um pouquinho quentes – riscou um fósforo e jogou no cadáver, que começou a pegar fogo lentamente. Viu os outros jogadores fugirem, e começou a coletar o dinheiro da mesa. Analisou o cartão de crédito, e jogou-o no homem, que agora já era uma fogueira. O cartão se contorceu sob a ação do fogo, e finalmente desapareceu. Hesitou um pouco, e jogou a ponta do charuto também. Quando o fogo começou a se alastrar pelo quarto, o homem já tinha saído com um ótimo lucro no bolso.
Tirou uma gaita do bolso e tocou um blues.